Se a Rua Beale Falasse é o primeiro romance de James Baldwin adaptado para o cinema, estreou no Festival Toronto e foi indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora Original
Sinopse: Ambientada no Harlem dos anos 70, é a história de um amor atemporal e da força de uma família afro-americana contada por uma jovem de 19 anos. Tish relembra vividamente a paixão, o respeito e a confiança que uniram ela o artista Alonzo Hunt, conhecido pelo apelido de Fonny. Amigos de infância, tornaram-se um casal, já têm um bebê e estão noivos, mas seus planos são sabotados quando Fonny é preso por um crime que não cometeu
“O poder do mundo dos brancos é ameaçado toda vez que um negro se recusa a aceitar as definições do mundo dos brancos” disse o romancista e crítico social James Baldwin em uma carta aberta à New Yorker no ano de 1962. Esta afirmação, feita de forma crítica e com caráter atemporal, é um exemplo do que torna Baldwin uma das figuras mais importantes de nossa história, suas palavras ditam nosso passado e o mais surpreendente é que ainda são relevantes para o nosso presente. Além disso, este trecho em específico reverbera por toda a construção narrativa do mais novo trabalho de Barry Jenkins (Moonlight), no qual dessa vez leva ao espectador a fascinante história de um amor que é refém de um sistema que lamentavelmente ainda amedronta nossa sociedade.
Adaptado de um dos romances de Baldwin (que leva o mesmo título) e ambientado no Harlem dos anos 70, Se a Rua Beale Falasse é um filme que conta o amor vivido entre Tish Rivers (Kiki Layne) e Alonzo “Fonny” Hunt (Stephan James) e como a relação entre os dois jovens beira as impossibilidades quando Fonny é preso, ao ser acusado de estuprar uma mulher, e Tish descobre que está grávida. Os dois, com ajuda de suas famílias e um advogado, lutam incessantemente para provar a inocência de Fonny e assim retomarem a relação.
A fotografia de James Laxton (Moonlight) , que contribui com os trabalhos de Barry Jenkins desde o início de sua carreira, se mostra eficaz ao criar contrastes de amarelo e azul que de alguma forma vão de encontro ao Harlem dos anos 70, e como essas cores aparecem com um nível maior ou menor de intensidade quando o roteiro recorre a momentos mais ou menos dramáticos.
Assim como a presença de luz responsável por criar instantes de esperança ou momentos mais claustrofóbicos devido a profundidade da cena e os movimentos de câmera, com destaque para a cena em que Fonny sonha terminar uma escultura e o momento de sua conversa com Daniel, onde a câmera alterna lentamente entre os dois personagens construindo tensão.
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